terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os bons tempos ainda voltam!

1993 foi um ano muito bom! Pelo menos pra mim. Eu tinha 18 anos e já era dono de uma livraria, tinha acabado de conhecer a mulher da minha vida (minha futura esposa) e achava que não morreria nunca (coisa de jovem). Tudo isso, 6 meses depois de me formar na escola. Ainda tinha o tal do “Plano Real”. Como eu vendia livros importados, meu ramo de negócios foi muito facilitado pela equivalência do Dólar e da moeda brasileira. Claro que tudo que fazia tinha, ainda, um pouco da ingenuidade adolescente.
Como dinheiro não era problema (as coisas mudaram tanto...), resolvi procurar o que me fazia feliz quando criança. Depois de almoçar, numa tarde de inverno, resolvi dar uma volta pelo comércio que ficava perto do meu estabelecimento. Encontrei uma lojinha bem apertadinha, mas que tinha o “brinquedo” que eu mais gostava quando moleque. A pequena vitrine exibia uma pancada de aviões e carros de plástico. Pronto! Tinha acabado de reencontrar o Hobby!
Quando era criança, nem imaginava que eu era um “plastimodelista”. Só sabia que eu montava Revell. Com isso na cabeça, levei um susto em ver que na “lojinha” não tinha só Revell. Tinha muitas outras marcas! Achei Italeri, Hasegawa, Tamyia e por aí vai. Abri a carteira. Tinha dinheiro. “Quem sabe dá para voltar a montar isso?”, pensei.
Comprei duas sucatas e mais uns 3 kits novos. Claro que levei junto cola (na minha época vinha na caixa do kit) e tinta.
Depois desse dia, voltei muitas outras vezes àquela lojinha, mas não comprei mais nada. Na verdade, o que comprei na primeira vez ficou anos na caixa. Não tive tempo pra montar nada. Mas o que me mais me marcou foi a quantidade de kits e produtos que achei ali.
Hoje, aqui em Brasília, tem DUAS lojas de modelismo. Eu disse DUAS lojas. Numa cidade com mais de 2 milhões de habitantes com salários razoáveis e, na maioria, solteiros! Era pra ter muitos adeptos do Hobby. Duas lojas é muito pouco! E, ainda por cima, vive faltando material. Custei pra arrumar um vidro de cola! Tive que apelar pra internet!
Falei internet? Opa, acho que já entendi. Não é a cidade que tem poucos plastimodelistas. Foi o mercado que mudou.
Ainda existem as “lojinhas” de 1993. Só que elas estão no cyber-espaço. Ainda estão cheias de kits maravilhosos, das mesmas marcas que achei naquela época, e de muitas outras. Dá para achar kits fabricados no Leste Europeu, na Coréia, na Itália, na Inglaterra... Se bobear, acha kit fabricado até no Iraque!
O mais legal é que a gente pode ter todos esses kits. Basta ter um cartão de crédito internacional e pronto. Chega na sua casa (quase) sem problemas. O Governo não ajuda muito(60% de imposto é roubo), mas ainda assim, dá para comprar. Tem fretes, destes países pra cá, que saem mais baratos do que o Sedex (sem propaganda, claro).
Então isso é bom, né? Pelo meu ponto de vista, nem tanto.
Explico. Naquele ano do começo desse artigo, dava pra andar pela rua e “achar” essas “lojinhas”. Muita gente deve ter reencontrado o Hobby vendo vitrines. Hoje, com a internet, os plastimodelistas se fecharam em suas casas. Sem ter um lugar onde podem sentir o cheiro da cola e das tintas na hora da compra. Sem poder encontrar outros praticantes para trocar idéias e técnicas. Claro que existem os fóruns (plastimodelismo.org, por exemplo) e ainda se fazem exposições, mas não tem aquele ambiente de loja/oficina que tanto me atraiu de volta para o Hobby (pelo menos em Brasília).
E sabem o que me deixa mais angustiado? Não é o fato de não haver lojas aqui. É a dificuldade que estamos tendo de recrutar novos adeptos. Os fóruns e grupos de modelistas até tentam, mas as vitrines não mais existem.
O pior é que isso acaba refletindo diretamente em nós, já tarimbados no Hobby. Como? Se não tem novos adeptos, o mercado não se recicla, não cresce. Novas marcas não aparecem, novos produtos não chegam às nossas mãos, os preços continuam altos e as tão saudosas “lojinhas” tendem a desaparecer.
Mas nem tudo está perdido. Tem gente que ainda divulga o Hobby. Gente que pensa nos possíveis “recrutas”. Ainda existem as exposições e os encontros de grupos (alguns abertos).
Então, eu faço a pergunta que pode significar o futuro do nosso Hobby: o que você tem feito para divulgar o plastimodelismo?
Pensem nisso!

Autor
Etrusco

3 comentários:

Plastimodelismo.NET disse...

Comentar o quê? Este artigo diz tudo. O que você tem feito pra divulgar o plastimodelismo?
De minha parte, todo o possível e, espero que meu pequeno esforço ainda possa servir de incentivo para outros sites e blogs como este.
Zart (vocês sabem quem sou?)

Cibax disse...

Etrusco. muito interessante o seu arquivo e esse misto de sensações de saudade da infância e a vontade de qerer não só deixa viva a lembrança mas mostra pra outras gerações é fabuloso.Não pratico o plastimodelismo mas pelo pouco contato que tive acho fantastico as tecnicas e os kits. Parabns pelo blog

Anônimo disse...

Bom dia!
Eu tenho 12 anos e moro em Portugal.
Adoro numismática e agora fiquei apaixona-do pelo plastimodelismo.
Eu já procurei em Portugal algumas lojas de plastimodelismo mas não encontrei nada.
Alguem sabe sites portugueses onde vendam kits????
Obrigado